sexta-feira, 16 de setembro de 2016
Vestir outra Derme
De me seus olhos
Eu preciso enxergar,
De me seus pés para que seus calos
Venham me machucar,
De me suas mãos
E vamos juntos caminhar.
Olhar adiante, aos lados sem a quem,
Olhar embaçado, por vidros quebrados
Parelho a todos e a ninguém.
Caminhar, parar, seguir e ir além...
Além do seu interior,
Além de onde quer for,
Extrapolar, transcender, exceder
E não se opor.
Titubear ao som do mesmo coração
Dançar ao ritmo da mesma canção,
Vestir outra derme
E desaparecer na mágica de um verme.
Quem sou eu?
Quem é você?
Não somos dignos
De aquilatar nossas façanhas,
E quem dirá do outro
Arrancar até as entranhas.
Sobrevoe, sobreviva
Viva!
Sem você,
O cosmo não ficará desabitado
O nódulo não será desfeito
E nem o câncer, curado.
Porque no final,
Todo mundo é igual
E o corpo é emprestado.
By – Juliana Bizarria
Final roubado de outra poesia, escrita a long time ago!!
Sem inspiração
Minha arte, minha arte,
Para onde foi? Para qual parte?
Desabitou meu corpo esguio
Rumando outro norte,
Decretando nele o vazio,
Decretando a minha morte.
Morte do eu, que em mim vivia
Sinto - me desguarnecida entre linhas vazias,
Metamorfoseados em ciscos
Para que não voltem mais,
Seria Caliópe e Erato, esconjurando meus rabiscos?
Ou o corvo de Poe, que os levou a seus umbrais?
Retomar a caneta e o papel
Parindo um verso ao léu,
É como ter ressuscitado
Sem inspiração, sem aflição, alegria ou dor,
Filho de um parto insuflado
Oriundo sem amor.
As portas da escrita foram trancadas
Estou ao lado de fora, desesperada,
Onde estão as chaves? Preciso me reencontrar!
Mas, ninguém me ouve bater,
Não posso deixar de rimar
E novamente falecer!
By – Juliana Bizarria
domingo, 18 de janeiro de 2015
Execução
Não há velas nem flores, nem o último desejo.
O suplício renegado
De um antigo abastado,
Que se vai sem um cortejo.
Herança de um cérebro insensato,
Idiossincrasia de um rato
Conduziu se ao purgatório.
Atraiu um auditório,
Deixando a vida e o anonimato.
Vai se o verme que sabia o seu horário,
Soube a data do calendário
Que passaria da validade.
Abortado pela credulidade,
Desperdiçou seu último aniversário.
Tiros, o meio de transporte
Para o fraco ou para o forte,
E na terra onde faz se justiça,
Ele exala sua carniça
E antepôs a postura de sua morte.
By – Juliana Bizarria
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Anos luz sem postar...
Segue um poema dedicado ao meu amigo André Lisboa, que com sua arte me inspirou!
E junto, um de seus desenhos, o meu "muso" SALVADOR DALI *-*
E na folha branca deprimida
Ele vai tecendo vidas,
Que sua mente doentia
Sempre esta a gerar.
Deturpando a poesia,
Cheio de magia
Faz sua arte ao pintar.
Colorindo um mundo
Profano e vagabundo,
Com estilo a zelar.
Em seu universo de cor,
Nada é impróprio, nem impuro.
Pois para o artista não há dor,
Nem passado, ou futuro.
By Juliana Bizarria
segunda-feira, 20 de junho de 2011
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Um Vôo para a morte
Ele abriu a janela
E se jogou do 11º andar,
Pensava que não ia morrer
E sim que ia voar.
Abriu os olhos
E a sua queda foi observando,
Enquanto ia caindo
Do seu passado ia lembrando.
Começou a ficar assustado
E então morreu chorando.
Ele tinha uma alma boa
E um coração puro,
Que chegou ao fim
Ao encontrar-se com o chão duro,
Que de braços abertos o recebeu
Com sua dor ignorando
Mas quando o abraçou,
Ele já estava sangrando.
Suas mãos estavam geladas
E seus olhos entreabertos,
Lagrimas doces derramando,
Ele estava enganado
Pois pensou que morreu voando!
By - Juliana Bizarria
Rabiscado em 1999...
segunda-feira, 14 de março de 2011
Linhas vazias
Tingido pelo sol és meu corpo pagão
Contrastando em meu peito a mais pura rebeldia,
Rasgo o vazio com versos vão
Colorindo a folha branca vazia.
Querendo retornar ao ventre
Está a minha alma imunda,
Estranha sensação demente
Que entre mim fecunda.
Doce mente doente insana
Que sussurra medo em meu ouvido,
O Murmúrio áspero que de minha boca emana
Escorrega entre meus dedos deixando o papel florido.
Não sou fera, nem selvagem
Sou apenas mais uma menina,
Só mais uma que em viagem
Vaga pelos espirais letrados de resina.
Que derretem ao calor das chamas
Relembrando momentos épicos,
Tão oblíquo quanto olhares de quem amas
Tão sereno tão poético.
Durante a noite silenciosa eu insisto
Com verbos meu desejo é realizado,
Em linhas faço o que quero, repudio cristo
E desafio até o diabo.
By – Juliana Bizarria
sexta-feira, 4 de março de 2011
Haviam flores em meu jardim
O apego não quer ir embora
Preciso fazê-lo partir,
Sinto-me sem nada agora
Sofri e chorei até sorrir.
Olhares sinceros e gratos
Carinho honesto a esvair,
Queria poder retornar
E todo esse amor sentir.
Tudo passou tão rápido
Muito plantei, mas pouco colhi,
Deixo a ela que os regue
Até que possam florir.
Metade de mim ficou lá,
Aquilo tudo me deu,
Construí da vida outra imagem
Foi lá que encontrei outro eu.
By Juliana Bizarria
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
....................
Voar, voar, voar...
Transportar-me num momento desacertado
Sem horas, sem contas, sem asas.
Voar ao som do silencio
Transpor-me a dores
Saudades e cores
Levar bofetadas.
Afecção cerebral
Deixando-me por inteira
Contaminada.
É delírio violento
Voando sem ajuda do vento
Mergulhando em águas rasas.
Viver o eterno frenesi
Em meio a enormes espirais de fumaça
Cegando-me, ele passa.
Arrebatando sentimentos
Beijo ardente feito brasa
Soprando-me a voar
Voar sempre sem asas.
By – Juliana Bizarria