sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Sem inspiração


Minha arte, minha arte,
Para onde foi? Para qual parte?
Desabitou meu corpo esguio
Rumando outro norte,
Decretando nele o vazio,
Decretando a minha morte.

Morte do eu, que em mim vivia
Sinto - me desguarnecida entre linhas vazias,
Metamorfoseados em ciscos
Para que não voltem mais,
Seria Caliópe e Erato, esconjurando meus rabiscos?
Ou o corvo de Poe, que os levou a seus umbrais?

Retomar a caneta e o papel
Parindo um verso ao léu,
É como ter ressuscitado
Sem inspiração, sem aflição, alegria ou dor,
Filho de um parto insuflado
Oriundo sem amor.

As portas da escrita foram trancadas
Estou ao lado de fora, desesperada,
Onde estão as chaves? Preciso me reencontrar!
Mas, ninguém me ouve bater,­
Não posso deixar de rimar
E novamente falecer!

By – Juliana Bizarria

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